Speed Zine: Ficamos sabendo que atualmente vocês estão lançando um álbum. Qual o nome do álbum?
Hugo Pezatti: Pronuncie-se.
SZ: Quase homônimo! Qual a intenção?
HP: Esta! Queríamos que o álbum soasse homônimo, mas com uma pitada de chamar a responsabilidade para os fãs. Algo como “Pense! Fale! Se pronuncie! Não deixe passar!”. Mas também tem a ideia de fazer o fã se filiar à banda e divulgá-la. Chamar a responsabilidade de fato.
SZ: Quanto tempo projetando o álbum?
HP: Essa é uma longa história... Bom... Desde quando nos conhecemos [Speed Zine & Pronúncia] - em meados de 2007 - a banda passou por uma reestruturação. Deve se lembrar que encerramos aquele show de 2007 (Vila Acústica) prometendo um álbum “em breve” e deve se lembrar também que na entrevista daquela época eu tinha dito que há pouco havíamos tirado um vocalista da banda... O álbum prometido era o Projeções De Uma Estimativa Pequena. Ele até saiu no final do ano passado [2009], mas não era mais o que éramos e nem o que queríamos que o álbum soasse. A exceção é a música Paradoxo - que está no Projeções [...] (álbum não divulgado) e no Pronuncie-se. Mesmo assim, a banda mudou muito. Além disso, tivemos problemas com o nosso produtor e as gravações, fato que retardou a finalização do Projeções [...]. A questão é que, sem um álbum, não tínhamos como andar e, de certa forma, também estávamos presos com o nosso produtor (que só nos liberaria quando finalizasse o álbum). Enfim... Passado a novela do nosso 1º álbum, sentimos a liberdade e decidimos começar o ano de 2010 pra valer. E a primeira coisa que tínhamos que fazer era gravar e, de fato, LANÇAR um álbum. Estávamos atrasados! As músicas do Pronuncie-se já estavam prontas. A exceção foi “Abstinência” (última a ser composta, semanas antes da gravação) e a “Dano Cerebral Irreversível”, que foi um cover que decidimos fazer de última hora. Um cover a
SZ: No twitter da banda [www.twitter.com/pronunciarock] vocês disseram que o álbum está soando como uma bomba comprimida. Explique melhor!
HP: Este comentário foi logo após terminar as gravações e ouvir a primeira masterização. Estávamos empolgados! Mas realmente o álbum soa explosivo, rebelde, jovial! No entanto, depois de ouvir o novo álbum do Zefirina Bomba (“Nós Só Precisamos de 20 Minutos Pra Rachar Sua Cabeça”) achei que nosso álbum ficou pop! [risos]. Acho que soou leve demais. Temos que aprender com estes rapazes da Paraíba!
SZ: E não seria bom soar pop?
HP: É a velha questão do pop: bom ou ruim? Me referi à palavra pop no sentido pejorativo dela. Àquela da “ideologia punk” no sentido de “vendidos”, “fiz estas músicas para vender” e tal. Mas não foi assim. Todas as músicas do álbum são verdadeiras. Não fazemos músicas pensando no impacto de quem vai ouvi-las. E talvez isto seja um erro nosso. Talvez devêssemos pensar em quem irá ouvi-las, mas acredito que se fizéssemos isto, as músicas não seriam artes, seriam apenas sons vazios. E aí a Pronúncia seria uma banda vazia. O problema é que é difícil tocar rock no país do samba. E é neste ponto que muitas bandas “se vendem” e jogam o jogo do mercado. E como sempre, quem paga é o consumidor. Você tem reparado em como as pessoas têm ficado mais fúteis? Acredito que as músicas que ouvem têm grande parcela de culpa nisso.
SZ: Você afirma que a banda mudou, reestruturou. O que mudou?
HP: As estimativas! [risos]. A mudança está na linha de composição. Tivemos que aprender (na base da porrada, praticamente) como compor. A música segue uma estrutura (até as progressivas) e as letras também. E não adianta: a música é uma via de comunicação; se ela está mal feita, a comunicação fica mal feita e a coisa não desenrola. Esta é a diferença do Projeções [...] para o Pronuncie-se. A comunicação deste está completa, ficando mais fácil a sua compreensão e propagação. Aí a crítica rebelde poderia nos atacar dizendo que viramos pop; e eu responderia que, na verdade, aprendemos a fazer música. Se mais pessoas vão ouvir, melhor!
SZ: E quem são os compositores e como compõem as músicas?
HP: Os compositores da Pronúncia sou eu e o Rodolfo. Mas não é por imposição. O Matheus não despertou o interesse ou (como ele mesmo diz) a capacidade de compor. O Rodolfo é um cara que está sempre com um papel e uma caneta próximos. As ideias lhe surgem a todo o momento e ele anota nestes papéis as palavras-chaves (ou frases) que poderão virar uma música. Eu, por outro lado, sou mais dependente da inspiração. Li em algum lugar que esse papo de esperar a inspiração é balela e frescura. Bem, não penso assim. Minhas melhores músicas surgem quando estou inspirado. Já compus músicas sem estar nesses momentos, mas sei lá... Prefiro esperar a inspiração! Também prefiro compor à noite, quando a cidade está muda. A noite me inspira a compor, embora eu já tenha feito várias músicas de dia, como é o caso da Cobrança.
SZ: Fale-nos sobre a Cobrança.
HP: É uma das músicas que mais gosto deste álbum. Foi a penúltima a ser feita. A Cobrança é uma reformulação de outra música que fiz – chamada Cães Vadios. Nos ensaios, o Rodolfo reformulou algumas notas de Cães Vadios, criando um corpo diferente, mas com a minha letra. Esta música está presente no Projeções [...]. Sempre achei esta música boa, mas parece que o público não concordava comigo. Percebia nas apresentações. O fato é que na apresentação em Foz do Iguaçu-PR (2008), o Otroplano [casa de show] filmou esta música e postou-a no youtube. Dias antes de fechar as músicas do Pronuncie-se assisti a este vídeo e pensei “Pô! Esta música é boa! Basta reformulá-la. Deixá-la com cara de música”. A esta altura eu já havia passado pelo aprendizado da composição e resolvi refazê-la. A ficha caiu quando vi no vídeo o refrão dela. Ele estava no final. Ou seja, quando a música chegava ao clímax, terminava o som. Decidi fazer este refrão mais vezes durante a música. Então peguei algumas sequencias de acordes criados pelo Rodolfo e acrescentei algumas sequencias minhas. Mudei a melodia do vocal e mudei a letra (com exceção do refrão). O resultado final está no álbum. A letra retrata um momento difícil: estava desempregado e já morando fora da casa da minha mãe. Queria um emprego que não precisasse cortar o cabelo (“me arrumar”). A Cobrança me bateu. Juntei ainda as cobranças familiares do “você não vai se casar?” e preservei a rebeldia adolescente de Cães Vadios - representada pelas frases “Livre vida. Vida de ninguém”. Faltava o gran finale! Vomitei então, em palavras, a raiva daquele momento: “A minha vida não é de ninguém”. E se pensarmos bem (com essas cobranças todas), nem minha a vida é... Realmente não é de ninguém...
SZ: E as gravações? Houve alguma surpresa? Algo que saiu do programado?
HP: Sempre sai algo do programado. Mas no caso do Pronuncie-se foram apenas coisas pequenas. Queríamos que o álbum captasse uma atmosfera visceral. E o modo de captação da batera foi essencial. Gravamos a bateria numa pista só e com o máximo de ambiência que nos era possível. Os microfones utilizados na bateria não foram convencionais. Isto deu a ela uma característica mais suja, refletindo no álbum o que a banda é nos shows. Achei muito legal isto! A maneira como gravamos também exigiu muito dos nossos equipamentos e execução da banda. Não dava pra ficar corrigindo erros nas partes das músicas. Ou saía ou saía, saca?! Praticamente uma gravação ao vivo. Não usamos efeitos nas guitarras e nas vozes. Foi tudo natural. Clássico. Sem firula. Nada de plugins. Guitarra ligada no cubo e baixo ligado no cubo. Este é o Pronuncie-se. E foi produzido inteiramente pela Pronúncia. Espero que gostem!
SZ: Shows para divulgação?
HP: A ideia da divulgação já começa em como iremos divulgar o álbum. Partimos do pressuposto de que estamos atrasados e de que temos pressa em sermos ouvidos. Logo, um CD de 10 ou 15 contos seria pouco vendido nos shows. Então resolvemos trabalhar em duas frentes: O CD Oficial e o CD Simples. O Oficial é o CD clássico (encarte com fotos, letras, informações adicionais e etc) prensado na Zona Franca de Manaus e, obviamente, mais caro; já o CD simples é de tiragem rápida, que prioriza apenas a bolacha do CD e uma capa bem humilde. Este CD consegue ser vendido pelo preço das cervejas do show ou até menos. A distribuição fica mais rápida e o retorno do público também. Aí entram os shows. Neste começo de ano fizemos mais shows do que o normal e até o final do ano esperamos fazer muitos shows. Com um CD sendo vendido ao preço da cerveja, o retorno deve vir. E com um CD na mão, é mais fácil arrumar shows. Em 2009, estivemos
SZ: Mensagem aos leitores da Speed Zine...
HP: Pronunciem-se! E conheçam nossos shows!
Hugo Pezatti – bateria / Pronúncia
20 / março / 2010
6 comentários:
grande Tiago Silva, essa multa não afeta em nada os bilhões que serão gastos na mega campanha da Dilma...rsss
abraços
Acordo de paz para afundar o império bélico??
essa ideia será estourada...rsss
abs
gostei da entrevista com a banda de rock.
legal!!
abraços
Dinheiro de pinga.... Aliás, de pinga esse cabo eleitoral entende... rsrsrsrrs
Nesse ritmo, Russia e EUA vão desligar suas ogivas daqui uns 4 milhões de anos... rsrsrssrrs
Boscão a banda Pronúncia além do talento, tem uma humildade e um coração enormes!
Torço muito pelo sucesso deles!
E este álbum PROMETE!
Vai ser o ano para pronunciar-se!
abraço!
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